Metáforas, Fábulas e Terapia Cognitiva
Metáforas, Fábulas e
Terapia Cognitiva
A Terapia Cognitiva utiliza-se de várias formas de psico educação sobre distorções cognitivas e transtornos, além de um vasto arsenal de técnicas de reestruturação de representações mentais. Entre essas formas, o uso de metáforas e fábulas para ilustrar os erros de processamento de informação constitui-se em uma das estratégias mais impactantes e eficazes, pois distancia-se do tecnicismo impessoal que pode intelectualizar a psicoterapia e atua como facilitador para a mobilização emocional e compreensão do paciente.
A Terapia Cognitiva utiliza-se de várias formas de psico educação sobre distorções cognitivas e transtornos, além de um vasto arsenal de técnicas de reestruturação de representações mentais. Entre essas formas, o uso de metáforas e fábulas para ilustrar os erros de processamento de informação constitui-se em uma das estratégias mais impactantes e eficazes, pois distancia-se do tecnicismo impessoal que pode intelectualizar a psicoterapia e atua como facilitador para a mobilização emocional e compreensão do paciente.
Albert Ellis,
principal expoente da Terapia Racional-Emotiva, descrevia cognições que
denominava de Imposições Absolutistas, altamente dogmáticas, rígidas e
relacionadas a emoções negativas destrutivas. Um exemplo constitui-se em “Devo sempre corresponder às expectativas
das pessoas” ou “Devo agradar
incondicionalmente as pessoas para ser aceito”. Na Terapia Cognitiva, não
raro nos deparamos com Crenças dessa natureza, envolvendo pacientes cuja
possibilidade de gerar qualquer contrariedade ou desagrado a outro produz
intensa ansiedade e comportamentos de submissão ou esquiva. O Transtorno de Ansiedade Social (Fobia
Social), o Transtorno da
Personalidade Dependente e o Transtorno
da Personalidade Esquiva frequentemente apresentam esse padrão de crença em
suas conceitualizações.
A fábula “O velho, o Menino e o Burro”, de La Fontaine, serve de pano de fundo para
que pacientes possam perceber a disfuncionalidade de suas crenças e
motivarem-se para o questionamento das mesmas pelas vias cognitivas e comportamentais.
Diz o texto: “Um burro vinha trotando pela estrada, tendo de um lado um homem
idoso que o puxava pelas rédeas e de outro um menino. Nisso passaram por dois
homens, quando ouviram um dizer ao outro: – Olha só, compadre, que desperdício.
Ao invés do velho montar no burro, vem puxando ele. – Diante disso, o velho
montou no burro e o menino seguiu a pé. Ao passarem por uma casa, uma mulher os
avistou e comentou: – Olha só patroa, que maldade! O velho no bem-bom, montado
no burro, enquanto a pobre criança vai caminhando nesse calor! – O idoso então
desceu do burro e o menino montou. Seguiram caminhando, o velho preocupado com
o que os outros poderiam dizer. Alguns metros a frente, passaram por uma
porteira onde estavam uma mulher e uma menina. Eis que a mulher fala: – Que
absurdo, meu Deus! Um velho que nem se aguenta nas pernas andando a pé e um
menino esbanjando saúde montado no burro! Onde essa juventude vai parar! - Os
dois entreolharam-se e mais que depressa o velho também montou no burro. Vinham
os três pela estrada, velho e menino montados no animal, quando depararam-se
com um casal. A esposa olhou para o marido e vociferou: - Isso é coisa que se
faça? O burro, coitadinho, quase morrendo para carregar esses dois preguiçosos!
– O velho e o menino, desanimados, nem discutiram, desceram e saíram carregando
o burro. Mas nem assim o povo os deixou em paz, onde passavam todos diziam em
meio a gargalhadas: – Olha só, dois burros carregando um terceiro!
Daqui para a frente
as versões para o final da história são diferentes. Como terapeuta cognitivo e
diante do uso dessa fábula para psicoeducação, prefiro o final mais otimista:
Chegando em casa, o velho cansado de carregar o burro disse: – Bem feito! Bem
feito! – Quando o menino perguntou o motivo dessa fala, respondeu: – Bem feito
para mim, por ter pensado somente pela cabeça dos outros. “Quem quer agradar a todos a si próprio não faz bem, faz só papel de
bobo e não agrada ninguém!”
A frase final bem
resume o sofrimento e o prejuízo funcional provocados pelas distorções
cognitivas em questão.
Neri Maurício Piccoloto
Médico
(UFRGS), Especialista em Psiquiatria (HPSP), Mestre em Psicologia Clínica
(PUCRS), Professor de Pós-Graduação em Terapia Cognitiva (WP).
4a. JORNADA WP de TERAPIA COGNITIVA.
Dias 26 e 27 de outubro de 2012 – Itaimbé Palace Hotel – Santa Maria/RS
www.jornadawp.com.br
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