O setting cognitivista
O setting terapêutico cognitivista consiste em um espaço no qual o cliente, em parceria com o terapeuta, irá abordar, focar, refletir, avaliar e reavaliar as experiências vivenciadas como conflitivas, buscando no reconhecimento das vulnerabilidades e das potências um acesso mais eficaz aos recursos do self. O setting cognitivista é percebido como um espaço de interlocuções; uma instância co-construída e colaborativa, no qual a aprendizagem e a re-aprendizagem sobre aspectos mediacionais e vivênciais de cliente, bem como, de suas significações e re-significações acerca de seus diversos contextos de vida, serão dispositivos para o auto-entendimento e para as resolutivas em seu cotidiano.
Com base nessa perspectiva de setting clínico, a escolha do modelo teórico a ser utilizado pelo terapeuta estará vinculada aos seguintes elementos: pressupostos ontoepistemológicos do terapeuta, estilo pessoal do terapeutak , estilo pessoal do cliente, relação estabelecida na díade terapêutica, material clínico trazido pelo cliente, temporalidade (ritmo dos processos de mudanças), bem como características autonômicas ou sociotrópicas do cliente. Cada terapeuta cognitivista realizará essa escolha no decorrer de sua trajetória profissional, cabendo a ele uma postura de auto-reflexão e aderência em relação às bases estruturais comuns às Terapias Cognitivas. Estudos sobre estilo pessoal do terapeuta podem ser encontrados em Hector-Fernandez Alvarez, Simone da Silva Machado, Sara Baringoltz, Leslie Greemberg.
No Tabela 6 estão expostos os elementos básicos e estruturais do setting clínico comum à maior parte dos modelos teóricos e tecnológicos das Terapias Cognitivas.
Quadro 6 – Elementos básicos e estruturais do setting clínico
– Foco de trabalho clínico no aqui e agora.
– Setting co laborativo: cliente e terapeuta têm papel ativo no processo psicoterápico.
– Os processos terapêuticos possibilitam mudanças na estrutura do self.
– Significa tiva cota de confiança e empatia no setting.
– Avaliação Diagnóstica Multi axial.
– Ênfase na experiência consciente.
– Os objetivos terapêuticos a que se propõe precisam estar claramente especificados.
– A psicoterapia tem que possibilitar a reflexão sobre a eficácia e a efetividade da terapêutica proposta.
– Potencialização dos processos de aprendizagem em busca de autonomia e ampliação dos recursos de
coping.
– Espaço de investigação das vulnerabilidades e ampliação da resiliência do cliente.
Cabe aqui ressaltar que cada modelo teórico e tecnológico (ex. Terapia Construtivista, Terapia Cognitiva – Aaron Beck, Terapia Pós-Racionalista, dentre outras) irá acrescentar a essa estrutura-base os elementos fundamentais e específicos do referido modelo, conferindo a este a particularidade das reflexões, hipóteses e terapêuticas de um determinado grupo de pesquisadores, psico terapeutas e estudiosos nas áreas da ciências da cognição.
Simone da Silva Machado
Rua Dona Eugênia, 529
Fone: (51) 3333.2123
90630-150 Porto Alegre, RS, Brasil
E-mail: simoneneapc@terra.com.br
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