CARL GUSTAV JUNG

 JUNG
Carl Gustav Jung nasceu em Kesswil, cantão daTurgóvia, região às margens do lago Constança, Suíça, no dia 26 de julho de 1875 e morreu em 06 de junho de 1961. Filho de Johann Paul Jung, pastor protestante da igreja reformada e de Emile Preiswerk. Sua mãe era uma dona de casa instruída e culta que o incentivou, na adolescência, à leitura do Fausto de Goethe A infância foi vivida no campo, em contato com a natureza e entre os livros da biblioteca de seu pai, onde leu textos de filosofia e teologia.
Teve grande identificação com as idéias de Pitágoras, Heráclito e de Platão. Leu Hegel, mas não conseguiu entende-lo – achou suas idéias muito árdua e pretensiosa. Aprovou sem restrições a visão sombria e pessimista que Shopenhauer fazia do mundo.

 Ao ler Kant, principalmente ‘A Critica da Razão Pura’, foi para Jung um verdadeiro quebra cabeça, mas o ajudou a compreender melhor Shopenhauer – enquanto a filosofia de Kant lhe clareava a alma, Shopenhauer lhe trazia conflito que lhe faziam questionar o cristianismo. Esses estudos provocaram certas complicações na escola, pois ele fazia dissertações com estas abordagens que não eram ensinadas na escola, tornou-se alvo de calunia. Sua evolução filosófica prolongou-se dos 17 anos até um período avançado de seus estudos de medicina. Seu resultado foi uma subversão total da atitude em relação ao mundo e à vida. Antes, fora tímido, ansioso, desconfiado, pálido, e de saúde um pouco instável; tornou-se então mais seguro, sentindo um grande apetite sobre todos os pontos de vista. Sabia o que queria e se esforçava para alcançá-lo. Tornou-se mais acessível e comunicativo, descobriu que a pobreza não é uma desvantagem e está longe de ser o motivo principal do sofrimento.

Quanto à escolha profissional, teve grande dificuldade, seus interesses voltavam para diversos campos de estudo: por um lado, as ciências naturais o atraíam por serem fundadas em coisas reais e, por outro, sentia-se fascinado por tudo o que se referisse à história comparada das religiões. No 1o caso se interessava pela zoologia, pale ontologia e a geologia; no 2o, a arqueologia greco-romana, egípcia e pré-histórica. As ciências naturais, com seus antecedentes históricos, lhe satisfaziam devido à sua realidade concreta; por outro lado, a ciência das religiões atraía-lhe devido sua problemática espiritual, que implicava também na filosofia. Seu pai dava-lhe plena liberdade para escolha de seu caminho, desde que não escolhesse a profissão de teólogo; não fazia objeção nem mesmo questionava o fato de quase nunca ir aos cultos e jamais participar da comunhão.

Jung e a vida pro fissional:

Concluído o curso de medicina, Jung dedicou-se à psiquiatria, como assistente do professor Eugene Bleuler no Burgholzi Psychiatric Hospital, da Universidade de Zurich, interessando-se preponderantemente pela esquizo frenia.

O interesse pelos distúrbios mentais o faz desenvolver profundos estudos sobre a mente e suas conclusões o aproximam de Freud em 1907. O já famoso psicanalista judeu-austríaco era um personagem maldito no meio universitário, enfrentando dificuldades para conseguir levar a sério suas idéias sobre o inconsciente. Freud logo reconhece o alto valor de Jung e vê nele, a pessoa ideal para levar adiante a psicanálise. Jung, chefe de clínica do famoso hospital psiquiátrico de Zurique, mesmo ciente dos riscos que corre sua carreira e vendo limitações comprometedoras nas teorias do mestre vienense, toma defesa de Freud em público e assim torna-se importante colaborador do movimento psicanalítico
Seus estudos, porém, levam-no a divergir da Psicanálise e a dolorosa ruptura acontece em 1912. Freud sente-se traído. E Jung vê-se em apuros, pois conhecidos e amigos o abandonam. Inicia-se aí o período mais difícil e delicado de sua vida onde ele abandona as atividades acadêmicas e parte para um solitário, terrível e decisivo confronto com o inconsciente - que levará anos e quase lhe será fatal.

Jung afirma que o inconsciente não é subproduto da consciência nem mero depósito de desejos recalcados e frustrações sexuais, como pensava Freud. Para ele o inconsciente é uma entidade viva, independente de nossa percepção dele, acima das noções dualistas de bem e mal. É a outra parte de nossa psique que o ego (consciência superficial) desconhece. Ele está sempre atuando e faz com que os sonhos, em sua linguagem simbólica, sejam a representação fiel da psique - nossa razão crítica é que se afastou da linguagem dos símbolos e não mais a entende.
Para Jung a vida tem sentido sim, e sua grande finalidade é a individuação: processo de profundo auto-conhecimento onde tomamos a coragem de nos confrontar com velhos medos e o que desconhecemos de nós próprios. Os sonhos então se revelam como um importante guia para esse conhecimento. Uma vez que alguém se entrega a esse caminho nada racional, sua vida parecerá ser magicamente conduzida por uma sabedoria maior que Jung denominou self (o si-mesmo), o centro de cada um de nós. Individuar-se significa fazer o ego (a consciência da superfície) ir ao encontro desse centro. Representa separar-se da massa, do turbilhão inconsciente e adquirir autonomia; tornar-se uma totalidade psicológica, una e centrada, sem divisões internas, autoconsciente: um indivíduo. Este é o caminho para a personalidade total e a buscada realização pessoal. Para Jung, o futuro da humanidade dependerá diretamente da quantidade de pessoas que conseguirem se individuar.

Crise Existencial:

No início da segunda metade de sua vida, começou um confronto com o inconsciente, foi um trabalho que se estendeu por mais ou menos 20 anos. Devido a sérias críticas com a ciência, optou por largar o cargo de professor; o conhecimento que ele buscava não fazia parte da ciência vigente. Essa crise durou 3 anos, e durante esse tempo afastou de qualquer leitura de cunho científico. Chegou a pensar que não poderia mais participar do mundo intelectual.

Jung e sua Obra:

O contato com a Alquimia foi uma experiência decisiva, nela encontrou as bases históricas que havia buscado inutilmente. De 1918 a 1926 lanço-se seriamente aos estudos gnósticos. A tradição entre a gnose e o presente parecia a Jung rompida e, durante muito tempo, não conseguia encontrar a ponte entre a gnose – ou o neo platonismo – e o presente. Só quando começou a compreender a alquimia pode perceber que ela constitui um liame histórico com a gnose, e assim, através dela, encontrar-se-ia restabelecida a continuidade entre o passado e o presente. A Alquimia como filosofia da natureza, lançou uma ponte tanto para o passado, a gnose, como para o futuro, a moderna psicologia do inconsciente.

A atividade científica de Jung possui como marco inicial seu trabalho ‘Estudos Diagnóstico sobre as Associações’ [1903]; posteriormente vieram dois trabalhos psiquiátricos: ‘Psicologia das Doenças Precoce’ [1907] e ‘O Conteúdo das Psicoses’ [1908]; Em 1912 surgiu o livro ‘Wandlungen und Symbole der Libido’ [Metamorfose e Símbolo da Libido], que pôs fim a amizade que o ligava a Freud. Neste momento começou a seguir seu próprio caminho, embora de maneira ainda tímida. Este livro sofreu várias modificações durante suas redições, com acréscimo de figuras e textos; em 1952 foi publicada a 4a edição ocorrendo, até mesmo, a mudança de título, que no Brasil se encontra com a tradução ‘Símbolos da Transformação’. Nesta edição a termino logia da psicanálise e da psiquiatria da época foi abandonada. O tema foi exposto sob um aspecto mais pessoal, mais ponderado na forma de expressão, mais reservado no julgamento, menos agressivo. Em compensação, usa com mais firmeza os termos criados por ele mesmo como arqueotipo animus-anima, sombra, si-mesmo quanto a isto Jung justifica: "Há muito tempo eu sabia que este livro, escrito há trinta e sete anos, necessitava de uma revisão. Mas os afazeres profissionais e minha atividade científica não me deixavam tempo suficiente para dedicar-me a esta tarefa tão desagradável quanto difícil. Idade e doença desobrigaram-me finalmente de meus compromissos e me proporcionaram o lazer necessário para analisar os erros de minha juventude. Nunca me senti feliz com este livro, e muito menos satisfeito com ele: ele foi escrito, por assim dizer, em cima do joelho, em meio à labuta do exercício da medicina, sem o tempo e os meios disponíveis".

De 1913 a 1917, teve um período de grande introspeção, momento que se dedicou às imagens de seu inconsciente; como resposta nasceu o livro ‘Dialética do Eu e do Inconsciente’ – 1916, fez uma palestra sobre esse tema, que só foi publicado em 1928. Em 1921, se consagrou aos trabalhos preparatórios para a elaboração do livro ‘Tipos Psicológicos’, esse livro foi fruto de seu questionamento em que ele se distinguia de Freud, como também de Adler; questionava que diferença havia entre suas concepções, nesta reflexão deparou com os problemas dos tipos psicológicos e daí concluiu que todo o julgamento de um homem é limitado pelo seu tipo de personalidade e que toda a maneira de ver é relativa.Em 1929 nasceu o livro em colaboração com Richard Wilhelm, ‘O Segredo da Flor de Ouro’. Neste ponto suas reflexões e pesquisas atingiram o ponto central de sua psicologia. – ou seja, a idéia do Si-mesmo. A partir deste momento, Jung deixa seu isolamento e começa a fazer conferência e viajar. O próprio Jung considerava um dos aspectos essenciais de seu trabalho residia no fato de muito cedo abordarem temas concernentes às concepções do mundo e tratarem do confronto da psicologia com os problemas religiosos. Entretanto, só em ‘Psicologia e Religião’ [1940] e depois em Para celso [1942], falou de maneira detalhada sobre tais assuntos. O 2o capitulo dessa última obra, ‘Paracelso enquanto fenômeno espiritual’ é particularmente significa tivo a esse respeito. Foi o estudo de Para celso que o levou que o fez descrever a essência da Alquimia – particularmente em suas relações com a religião e com a psicologia, ou melhor dizendo, à essência da Alquimia em seu aspecto de filosofia religiosa., conteúdo este expressado em seu livro ‘Psicologia e Alquimia’[1944]. Neste estudo Jung encontrou a base de suas própria experiências de crise existência onde estava sendo gerada sua trans formação alquímica, no qual teve que se retirar da vida pública [1913 a 1917]. Em 1951 a através de sua obra ‘Aion’ trabalhou a questão de Cristo no confronto de sua figura com a psicologia, acrescentando o estudo de todas as interpretações importantes que, como correr do tempo, foram se acumulando a seu respeito. O envolvimento de Jung com a Religião e a Alquimia possuía como pano de fundo a busca de analogia com dificuldades especiais da psico terapia, principalmente quanto a questão da transferência, surgindo daí os livros, ‘A Psicologia da Transferência’ [1946] e por final a obra ‘Mysterium Coniunctions’ [1955-1956] – com este livro, Jung considerou que finalmente atingira o fundo do poço e deu por finalizada sua obra.

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